Gosto de fotografar. Por que?
Acho que é porque sou um voyeur. Prefiro fotografar a ser fotografado, olhar a ser olhado.
Gosto de registrar a vida sem que ela perceba que estou lá.
No princípio eu era um turista que fotografava viagens, a família, os companheiros e os lugares que visitava.
Usava uma Nikon 1 e abusava da possibilidade de, ao fotografar, destacar uma cor. Evolui. Ou simplesmente mudei.
Passei a fotografar o cotidiano de desconhecidos. Passei a me interessar por gestos e ações simples como fumar e conversar. Registrava abraços, risos e olhares. Pessoas lendo, falando ao celular, caminhando, fotografando ou simplesmente vendo a vida passar. Quase sempre em preto e branco.
Acho que o preto e branco destaca a beleza das imagens. Transforma o ordinário em extraordinário.
Veio a pandemia. Deixei de viajar. Saio de casa ou para caminhar ou para ir à lugares onde sei que não verei muita gente.
Acordo cedo. As vezes ainda escuro. E agora meu foco passou a ser tudo. Pessoas no seu cotidiano, lugares vazios, natureza ou coisas.
Gosto de detalhes. As vezes percebo que o mais interessante da foto está no que eu não vi ao fotografar. Um detalhe. Um olhar. Um movimento.
Cada vez gosto mais de fotografar. Qual será minha próxima fase? Não sei. Apenas acho que vou mudar mais uma vez. Faz parte.
